Open your company without fear
Matéria publicada na revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios
GANHAR O MERCADO EXTERNO
Uma empresa que já cumpriu todos os passos anteriores e se consolidou no mercado pode avistar mais um desafio: ganhar o mundo. É uma etapa natural do plano de expansão de um negócio maduro, que tem uma estrutura firme o suficiente para sustentar um investimento desse porte. “Ir para outro pais e como começar do zero de novo, só que em um lugar diferente”, diz Simone Oliveira. CEO da America Expert, que ajuda empreendedores brasileiros a explorar o mercado americano.
Antes de iniciar as operações fora do Brasil, é fundamental entender, primeiro, as regras de cada pais – um profissional pode ajudar a fazer essa análise para a transição. Será necessário identificar em que locais há demanda para o que a empresa oferece e se o produto ou serviço vai precisar passar por alguma modificação. Às vezes, uma simples alteração estética faz toda a diferença. Quando o Grupo Ornatus levou a marca de bijuterias Morana para Portugal, por exemplo, teve de deixar de lado os brincos e os colares mais coloridos e chamativos para atrair as discretas lusitanas.
Conhecer bem o território estrangeiro ajuda a determinar preços, fazer contatos com fornecedores locais e até construir relacionamentos – algumas práticas que fazem parte da cultura brasileira podem causar má impressão no exterior. “Dependendo do lugar, chorar o preço de um produto, atrasar uma entrega ou dar um jeitinho pode ser fatal”, afirma Luciano Minghini, pesquisador nas áreas de inovação e internacionalização da Universidade Federal do Paraná.
4 MITOS SOBRE EMPREENDER NOS ESTADOS UNIDOS
A especialista Simone Oliveira esclarece dúvidas que podem confundir quem pretende explorar o mercado americano
• É preciso investir US$ 1 milhão
Ter essa quantia não e um pré-requisito para empreender no pais. Mas quem investe esse valor pode requerer o visto EB5. É uma medida do governo para facilitar a entrada de empresários em nichos com pouca demanda de mão de obra.
• Só com green card ou um sócio americano
Não existe essa exigência: qualquer pessoa pode abrir uma empresa nos Estados Unidos. Os únicos documentos necessários são uma cópia do passaporte e um comprovante de residência.
• Capital social mínimo
Diferentemente da Europa, onde é exigido um valor de acordo com o tipo de empresa nos Estados Unidos o investimento é livre.
• Empreendedor onipresente
O fundador não precisa morar no pais. Sua presença só é indispensável para abrir a conta no banco. Em todos outros processos, pode-se enviar um representante.
TEMPERO BRASILEIRO
Depois de completar 90 anos – boa parte deles ocupando a liderança na venda de vinagres no Brasil –, a Castelo Alimentos estava pronta para ganhar o mundo. O primeiro passo da direção da empresa, fundara por um imigrante lusitano, foi criar um departamento de exportações. A ideia era estudar quais países consumiam (ou poderiam consumir) seus produtos – além de vinagre, a companhia produz azeite, alimentos em conserva e molhos.
Logo ficou evidente que era preciso fazer um estudo local. “Coloquei uma mochila nas costas e fui rodar o mundo, participando de feiras e eventos no setor de alimentos”, afirma Marcelo Cereser, 44 anos, herdeiro e diretor-superintendente da Castelo (sua família também e dona da empresa de bebidas Cereser). Depois de dois anos de pesquisas, ele identificou um cenário promissor em 13 países: Argentina, Bolívia, Paraguai, Cuba, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, Republica Dominicana e Japão.
Coube ao departamento jurídico estudar as leis e os requisitos de cada local. “Passamos cinco anos nos adequando as normas de qualidade. Tivemos de elevar nossa fábrica aos padrões internacionais”, diz. Alguns produtos também sofreram modificações para se adaptar ao gosto dos estrangeiros. Nos Estados Unidos a formula do vinagre foi alterada. Já no Japão, o tradicional rotulo ganhou cores diferentes, e a marca recebeu um nome oriental. “Não adianta tentar impor seu produto num mercado diferente.”
Para promover as exportações iniciadas em 1995, a Castelo também começou a participar de feiras internacionais e comitivas organizadas para promover os negócios brasileiros. Atualmente, as vendas externas respondem por 2,5% do faturamento da empresa, que foi de R$63 milhões em 2012. “Com nossas pesquisas pelo mundo, aprendemos fazer produtos ainda melhores”, afirma Cereser.