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Para analistas, queda do PIB importa pouco diante da recuperação

Para analistas, queda do PIB importa pouco diante da recuperação

Fabrícia Peixoto
Da BBC Brasil em Brasília

PIB do Brasil caiu 0,2% em 2009, mas cresceu 2% no 4º trimestreO resultado negativo do Produto Interno Bruto em 2009, que encolheu 0,2%, perdeu importância diante da recuperação da economia e da possibilidade de um crescimento expressivo este ano, na avaliação de economistas ouvidos pela BBC Brasil.

Os analistas de mercado ressaltam duas explicações para o otimismo. Uma delas é de que o Brasil, apesar do resultado negativo no ano, saiu-se melhor do que muitas economias.

A previsão é de que, no período, o país tenha sido o sexto melhor entre os membros do G20.

Além disso, os economistas argumentam que, apesar da queda no acumulado de 2009, o Brasil já estava em recuperação no final do ano. No 4º trimestre, a economia cresceu 2% em relação ao trimestre anterior.

Essa expansão, quando transformada em uma taxa anual, supera os 7% – sem considerar a sazonalidade do período.

“A essa altura, esse resultado negativo de 2009 pouco importa”, diz o economista da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Eduardo Soares Gonçalves.

Segundo ele, as recessões de crédito geralmente são “severas”, e o Brasil já está crescendo no ano seguinte à turbulência financeira.

“Não podemos confundir os ciclos econômicos, ou seja, essas altas e baixas, com a tendência”, diz. “E estamos em uma tendência melhor”, acrescenta.

‘Acima do potencial’

O economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, diz que a economia brasileira já está “muito próxima” do ritmo apresentado em 2008, antes do agravamento da crise financeira.

Segundo ele, alguns setores, como o externo (que considera as exportações), ainda “podem frustrar” em 2010. “Mas ainda assim, não vejo como um fator preocupante”, diz.

Na avaliação da agência de risco Moody’s, a economia brasileira não apenas voltou a crescer rapidamente, como também está se expandindo “acima do potencial” do país.

Em relatório distribuído nesta quinta-feira, a agência prevê um crescimento de 6% do PIB em 2010. A estimativa média do mercado, segundo a pesquisa Focus do Banco Central, é de uma expansão de 5,5%.

“O consumo das famílias e o investimento público se tornaram o motor de sustento da economia em um ano de recessão global”, diz o relatório da Moody’s.

‘Empate’

O governo também viu como “positiva” a redução do PIB em 0,2%, sobretudo na comparação com outras economias.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, preferiu ressaltar o desempenho da economia brasileira no último trimestre de 2009. Segundo ele, o Brasil fechou o ano “com chave de ouro”.

“Como o ano de 2009 foi de crise, tivemos um primeiro semestre com PIB negativo e um segundo com PIB positivo. A queda de 0,2%, portanto, é a média”, disse o ministro.
Mantega disse ainda que a previsão do governo para o crescimento de 2010 é de 5,2%, mas que esse número “pode chegar” a 5,7%.
Sobre o perigo de essa expansão trazer de volta a inflação, Mantega disse que o crescimento brasileiro “é sustentável” e que há espaço para a indústria ampliar a produção e, assim, atender a demanda.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “já esperava” um resultado negativo no ano e que por isso “não ficou desapontado”.
“A avaliação do presidente foi na linha Zagalo, de que, nesse caso, o empate foi um bom resultado”, disse o ministro.
Ainda de acordo com o Paulo Bernardo, o presidente teria se mostrado “bastante satisfeito” com as vendas do comércio no mês de janeiro, que segundo o IBGE cresceram 2,7% – a maior variação mensal desde 2000.

Críticas

Já a avaliação da oposição é de que o governo “subestimou” o impacto da crise global no Brasil, o que resultou na retração do PIB.

“Deveríamos ter começado com menos ambiguidade, menos discurso e mais ação”, disse o presidente do Instituto Teotônio Vilela, deputado Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB-ES), em comunicado à imprensa.

Segundo o deputado, o Brasil “está perdendo a capacidade de investimento em função dos gastos com custeio”.

“Isso nos deixa sem recursos para investimentos em infraestrutura, sem eles não há crescimento sustentável”, acrescentou Lucas.

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