Da Redação
Brasília – A presidente Dilma Rousseff deverá aproveitar a visita aos Estados Unidos, nos próximos dias 29 e 30 de junho, para promover facilidades no comércio entre os dois países e além disso fomentar a cooperação em setores como os da energia, mudanças climáticas, promoção do crescimento econômico, defesa, ciência e tecnologia, entre outros. A afirmação foi feita por Simone Oliveira, CEO da Expert, uma empresa de consultoria americana criada para prestar assistência a empresários brasileiros interessados em se instalar em território americano.
Simone Oliveira tem uma receita simples para dar maior dinamismo e incrementar o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos: “acredito que, em curto prazo, a fórmula seja simples: menos impostos e mais incentivos, principalmente aos micro, pequeno e médio empresários. Já em longo prazo, melhores processos e mão de obra qualificada”.
A uma semana da visita presidencial aos Estados Unidos, Simone Oliveira concedeu a seguinte entrevista ao Comexdobrasil.com:
P: Qual é a sua expectativa em torno da visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos nos próximos dias 29 e 30 de junho?
R: A mesma de todos os empresários brasileiros, que ela possa aproveitar a viagem e promover facilidades no comércio entre Brasil – EUA. Uma coisa é certa, o encontro é um sinal de que ficou para trás a tensão entre os dois países por revelações de espionagem contra o Brasil de parte do governo americano.
P: Os Estados Unidos são hoje o único país industrializado que importa volumes relevantes de produtos manufaturados brasileiros. A senhora acredita que a visita contribuirá para que os EUA aumentem ainda mais essas importações? Em sua opinião, o que o Brasil precisa fazer para ampliar as exportações de produtos de maior valor agregado para o mercado americano?
R: Espero que sim, pois em recente entrevista a presidente Dilma declarou a intenção de fomentar a cooperação na área da energia, particularmente em fontes solares. Obama, por sua vez, destacou o interesse em fortalecer a cooperação com o Brasil em áreas de mudanças climáticas, promoção do crescimento econômica, defesa, ciência e tecnologia.
Acredito que, em curto prazo, a fórmula seja simples menos impostos e mais incentivos – principalmente ao micro, pequeno e médio empresário. Já em longo prazo melhores processos e mão de obra qualificada.
P: O comércio entre o Brasil e os Estados Unidos certamente seria muito mais expressivo se os dois países firmassem um acordo de livre comércio. Entretanto, na condição de membro do Mercosul, o Brasil não pode negociar isoladamente acordos dessa natureza com outros países. Como fazer para intensificar e ampliar as relações comerciais Brasil-Estados Unidos sem a assinatura de um documento dessa natureza?
R: O Brasil também está interessado, segundo Dilma, em diversificar o comércio com os americanos, aumentar os investimentos mútuos e ampliar a cooperação em defesa e aeronáutica. Por exemplo, a brasileira Embraer já desenvolve tecnologias em conjunto com parceiras americanas.
P: Empresários e cidadãos brasileiros defendem insistentemente o fim da exigência de vistos para entrada nos dois países. Justificam que a abolição dos vistos contribuiria para ampliar não apenas o intercâmbio comercial mas também para aumentar o fluxo turístico entre os dois países. Você acredita que a exigência dos vistos poderá ser abolida em curto prazo?
R: Esse movimento já existe há algum tempo por parte dos dois países. No entanto, pontos da discussão, como a necessidade de troca de informações prévia de passageiros e a interação entre os dois sistemas de controle de imigração dos países, exigida pelos Estados Unidos, dependem de uma posição do governo brasileiro.
P: A America Expert atua há mais de dez anos e tem notória expertise em tarefas que vão da abertura de uma empresa e constituição de um endereço físico, recebimento de mercadorias, levantamentos de produtos e elaboração de estratégias e serviços de inteligência comercial visando atender da melhor forma possível ao empresário brasileiro que busca instalar-se nos EUA. Qual o balanço que você faz dessa atuação? Quais são os planos da empresa para os próximos anos?
R: Mesmo com o aumento do dólar, ainda visualizamos um cenário positivo. São 250 mil brasileiros residindo na Flórida, especialmente em Miami e Orlando, fato que torna uma opção atrativa para investir, morar ou passar uma temporada nos Estados Unidos. Os brasileiros representavam 8% dos compradores internacionais do Estado, sendo o segundo maior grupo de compradores estrangeiros, atrás apenas dos canadenses. Quarenta e sete por cento dos brasileiros adquirem imóveis para passar férias e 17%, como investidores. Para se ter uma ideia, na reta final da campanha para presidente, o departamento de vendas da America Expert, percebeu que muitos clientes já estavam antecipando os seus negócios, com medo do aumento do dólar, gerado por uma possível reeleição da presidente Dilma – medo que se justificou mais tarde com o resultado do pleito.
Desde o primeiro dia útil pós-eleição, os contatos de empresas/empreendedores efetivou ainda mais a nossa percepção do descontentamento dos brasileiros, que entendem como uma das saídas para garantir seu dinheiro rendendo é investir em um país seguro, com baixos índices de inflação e economia forte. Tivemos um aumento de 25% na carteira de novos clientes e os que estavam indecisos, acabaram decidindo investir nos Estados Unidos, nesta semana.
Na busca por um local mais seguro para investir seu capital, ter empresas mais lucrativas, alocar o seu dinheiro em contas sem risco, comprar propriedades que vão valorizar cada vez mais – os empresários e empreendedores brasileiros não só focaram seus negócios em compras de bens de consumo e imóveis de investimentos, mas também estão conseguindo se consolidarem como referência em qualidade nos seguimentos como moda praia, comida típica e os mais diversos serviços para atender a grande comunidade que vive aqui.
P: Após alcançar resultados expressivos no mercado americano, a America Expert decidiu instalar-se na Europa. É possível estabelecer um paralelo entre a atuação da empresa nos Estados Unidos e na União Europeia? Qual é o principal desafio que vem sendo enfrentado na busca pela afirmação e conquista de espaços no mercado europeu?
R: Como empresária me sinto feliz com a possibilidade de mobilidade que os brasileiros estão usufruindo de uma nova perspectiva de negócios, agora na Europa. Acredito que o meu papel é o de auxiliar o começo de uma vida nova, em uma terra culturalmente muito diferente do Brasil, com desafios não somente em relação aos negócios, mas também na adaptação no dia a dia da família que se vê muitas vezes perdida neste êxodo voluntário.